Poesia Audiovisual

domingo, 6 de março de 2011

A Janela (prosa)

Aqui sentado á beira da janela, um cafe na mão e um cigarro na outra, o relogio da torre da igreja diz-me que é tarde, ou cedo não sei bem.
 Outra noite sem dormir!
Entre cafeina e nicotina ólho a rua lá em baixo, já se começa a ver movimento por isso deve ser cedo, vejo os meus vizinhos irem para o trabalho, desanimados, pensando já na hora de voltar para casa, e no outro lado  cambaleando e embriagado um amante da noite volta agora para casa, agora na hora da Aurora quando a Luz vence as Trevas. Ao fundo da rua vem o rapaz dos jornais, jornais locais cheios de historias banais e medo da crise, no outro extremo consigo ouvir os passos marcados pelo "toc toc" de uns saltos altos, uma rapariga com pouca roupa para a altura do ano caminha um caminhar desanimado, as sombras dos olhos marcadas pela pintura borrada pelas lagrimas, e as historias podiam ser tantas.
 Podia ter sido molestada, ou traida pelo seu grande amor, podia ter guerreado com a sua melhor amiga ou então bebeu demais e teve de vomitar ali no canto escuro e enquanto penso nisso tudo o "toc toc" desvanece e a rua está vazia outra vez.
 Apetece-me abrir a janela e voar como o Pan, voar tão alto que a cidade agora não é mais que uma ilha de pequenas luzes assim como todas as aldeias em sua volta, um arquipelago de luzes no meio da terra. E lá bem no alto espero em silencio olhando o Sol rompendo a noite, e as ilhas de luzes lentamentes desvanecendo tal como o "toc toc" dos sapatos, e nesse momento sou Gabriel o Revelador, um arcanjo revelando o novo dia, mas o que tem de novo este dia? O rapaz vai levar os jornais banais como sempre e o vizinho vai trabalhar desanimado, o amante da noite vai dormir até que as Trevas voltem e a rapariga vai lavar a cara e pintar-se de novo para poder borrar de novo as sombras dos seus olhos com lagrimas de tristeza. Não há muito a revelar e por isso volto para a minha cadeira á beira da janela, o café está frio e o cigarro ardeu há muito tempo, o mundo gira sem parar cheio de monotonias e habitos e eu aqui á janela vejo tudo isso, e sinto-me vivo e agradecido, porque só vendo a cinzenta banalidade do mundo, nos tornamos capazes de ver a sua beleza e escentricidade, e aqui da minha janela acendo mais um cigarro e contemplo o Mundo, e Amo-o!

Um Adeus

Não há nada mais duro
Que as lágrimas de um criança
Que um abraço de despedida
Que o respirar rapido e angustiado
No abismo do Adeus
Não há nada que doa mais
Que as memórias  de sorrisos inocentes
Das palavras simples e cheias de fantasia
E a impotencia de mudar os factos
E de te fazer parar de chorar
Não há nada mais duro
Que dizer "Não posso"
Quando tu me pedes para ficar!